Dr. Jekyll and Mr. Hyde

É de notório conhecimento público o romance do escritor Robert Louis Stevenson "The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde", mais conhecido no Brasil como: O Médico e o Monstro. Depois de várias adaptações para o cinema, roteiros de TV, teatro e tantos outros imaginários humanos tenho me deparado com outra adaptação livre para a obra, em um terreno também um tanto quanto fértil das imaginações populares: a escola.
Você deve estar se perguntando onde quero chegar ou a quem quero chegar. Explico-me. Depois de alguns anos trabalhando em escolas - 16 anos, 7 como funcionário e 9 como professor - observei muito o comportamento das personagens principais da escola, o aluno. A maioria dos alunos consegue, não sei se pelo mesmo artifício que Dr. Jekyll, manter duas características personalidades bem distintas em dois ambientes que lhe são bem peculiares - o dentro e o fora da escola.
Há tempos tenho visto crianças que se comportam nas escolas como verdadeiros vândalos, agressivos, desrespeitosos, malcriados... circulam pelos corredores da escola como se fossem inatingíveis e que somente sua presença é que importa ali. Muitas vezes me deparei com aluno levantando o queixo e estufando o peito para professores como se quisesse iniciar uma rinha. Vários vezes ficamos sabendo de acontecidos em que alunos desdenham de professores e funcionários dizendo que "não estão nem aí". Por outro lado, percorrendo os arredores da escola, as ruas, as outras instituições pertencentes ao mesmo bairro e que, portanto, atendem a mesma clientela noto que esses intempestivos alunos, digamos assim, quando se tornam pessoas comuns fora da escola agem completamente diferente. Muitos até se passam como adoráveis crianças inocentes que, parecem fragilizadas com a dureza do mundo. São capazes até de baixar os olhos quando um cidadão mais velho passa e os cumprimenta. Muitos "por favores e com licenças" são ouvidos pelas ruas e, como que por encanto, as brigas tão comuns na escola na rua desaparecem.
Não é de se estranhar que crianças consigam ter e manter esse comportamento? Ser um diante dos pais, da comunidade e dentro da escola se transformar como quem toma um "elixir da coragem" que libera todas suas emoções recalcadas talvez por um polimento social que o impede de liberar sua voracidade, e encontra na escola campo fértil para suas extravaganças?
Na última adaptação cinematográfica do romance citado que assisti aparentemente Dr. Jekyll consegue dominar o monstro existente em seu subconsciente, mas ainda fica no ar a nuance de que talvez Mr. Hyde jamais o abandone... Será esse o nosso futuro: conviver, enquanto a escolar durar, com essa triste realidade? Ou conseguiremos um dia entender por que à medida que o futuro chega a violência e o desrespeito aumenta?

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